Por Marcelo Miranda
Conselheiro ABRH e CEO da Consolis Tecnyconta
Ouvir as pessoas é um exercício diário. É uma prática importante, principalmente na rotina de líderes e gestores preocupados em manter o foco e a atenção plena naquilo que colaboradores e colegas estão dizendo. Na verdade, o exercício da escuta vai muito além de absorver as palavras que são ditas.
Colaboradores que se sentem ouvidos têm 4,6 vezes mais chances de se sentirem capacitados para realizar um trabalho melhor, segundo dados da Salesforce. Já 89% dos líderes de RH atestam um impacto positivo na realização de feedbacks frequentes, conforme pesquisa da Globoforce.
“Esses dois dados nos ajudam a entender, em números, que um dos primeiros passos para a gestão de pessoas e o desenvolvimento humano dentro de uma empresa é a escuta ativa”, afirma Marcelo Miranda, conselheiro Associação Brasileira de Recursos Humanos e CEO da Consolis Tecnyconta.
Segundo Miranda, escuta ativa significa também “Observar cuidadosamente a linguagem como um todo da pessoa que está na nossa frente – ou até nas mensagens de texto e e-mails, com o objetivo de entender realmente o que ela quer dizer”, destaca Miranda.
Sem julgamentos, nem interferências
Seja durante um feedback, seja numa reunião 1-1 ou qualquer outra situação de conversa, a pessoa mais importante naquele momento é a que está na sua frente. E ela precisa sentir isso. Por isso, é fundamental ficar atento às distrações, evitar o uso de celular ou qualquer outro impedimento que possa gerar ruído nesse processo de comunicação. Além disso, Marcelo ainda recomenda deixar as polarizações e julgamentos de lado e trabalhar com o contexto que está sendo apresentado.
Empatia é um exercício diário
Em geral, as empresas buscam pela obtenção de resultados como um reflexo de desempenho. Estamos falando, inevitavelmente, do lucro como objetivo. Porém,segundo o gestor, não é recomendado se ater a esses parâmetros quando pessoas, com todas as suas emoções e complexidades estão envolvidas no processo.
Online também tem jeito
Se estamos lidando com uma linguagem escrita, as perguntas acima também se aplicam, principalmente com relação ao ambiente virtual. Nesse sentido, cada detalhe importa, a escolha das palavras, uso de caixa alta, pontuação e o horário de envio das mensagens. Pensar sobre isso é um passo para marcar um 1-1 e entender melhor o que pode estar acontecendo.
Mas e o tempo para escutar ativamente?
Segundo o executivo, a escuta ativa não precisa ser apenas em momentos “oficiais”, como durante uma sessão de feedback. É preciso ouvir ativamente nas conversas no corredor, na “passadinha” na sala ou numa ligação de 5 minutos. “O fato é que gestores precisam ter organização para estarem com seus times e criar tempo para ouvir demandas e necessidades. Escutar faz parte das soft skills tão fundamentais para o mundo corporativo atual.” Afirma.
Sobre Marcelo Miranda
Marcelo Miranda é CEO da Consolis Tecnyconta na Espanha, filial do grupo multinacional francês Consolis. É engenheiro civil pela UFMG, com MBA em Stanford e especializações em Harvard, Columbia e Singularity University. É um executivo reconhecido na criação de inovações que levam ao desenvolvimento sustentável e foi, durante oito anos, CEO da Precon Engenharia. Marcelo faz parte da lista dos 10 CEOs de destaque do Brasil com menos de 40 anos pela Revista Forbes Foi ainda eleito Executivo do Ano pela Revista Encontro em 2015 e é conselheiro de empresas, da ABRH e do Capitalismo Consciente.