Saúde mental no trabalho: menos tabu, mais ação e gestão de pessoas

Por Marcelo Miranda
Conselheiro ABRH e CEO da Consolis Tecnyconta

Saúde mental no trabalho é um tema espinhoso, desses que muitos preferem colocar debaixo do tapete. Estamos falando de questões muito pessoais e de difícil abordagem no ambiente de trabalho. É desafiador, mas isso não significa que ignorar terá um efeito melhor do que encarar e aprender formas de gestão e liderança que contribuam para a saúde mental dos liderados, concorda?

Na verdade, a saúde mental no trabalho precisa fazer parte das habilidades que tanto buscamos desenvolver na gestão de pessoas. Já há muitos anos, os números estão escancarando a necessidade de desmistificar transtornos mentais como depressão, ansiedade, Síndrome de Burnout, entre muitas outras.

Um relatório da OMS de 2002 – ou seja, quase 20 anos atrás –, revelou que as perturbações mentais e comportamentais afetam mais de 25% da população, em algum momento da vida. Você realmente acha que esse número mudou para melhor?

Mais recentemente, o órgão passou a projetar que a depressão seria, até 2020, a maior causa de afastamento no mundo. Ou seja, se já sabíamos que esse ano tinha tudo para ser desafiador nesse ponto, imagine isso somado a um contexto inesperado de pandemia, que transformou nossas relações pessoais e de trabalho.

Uma pesquisa do LinkedIn acendeu o alerta e mostrou que 62% dos colaboradores remotos estão mais ansiosos e estressados e 30% se dizem estressados pela ausência de momentos de descontração no trabalho.

Mas o que fazer para descobrir como anda a saúde mental? Um exemplo que não vai ter impacto para o bolso é: fazer um questionário online de avaliação das condições de trabalho e da vida pessoal pode trazer insights reveladores para os gestores. As respostas podem servir para reavaliar posturas, demandas, condutas, entre muitos outros aspectos que podem ser ajustados da cultura corporativa.

Cada empresa tem uma realidade específica, então, não há receita de bolo. Para desmistificar os transtornos mentais, precisamos estudar, reconhecer e, claro, conhecer pessoas que lidam com isso. E só vamos saber se alguém lida com isso se tivermos a oportunidade de uma conversa privada. É nessas horas que precisamos deixar o colaborador à vontade para expor algo que esteja vivenciando e impactando sua vida pessoal e profissional. Acredito que bons gestores são ótimos ouvintes. Não é sessão de terapia, é empatia como estratégia de gestão de pessoas.

Além disso, deve-se fazer o possível para que cada integrante do time esteja trabalhando em um espaço adequado e garantir um conforto corporal e, consequentemente, mental às pessoas. Técnicas de respiração e de automassagem, por exemplo, são capazes de promover alívio, relaxamento e foco. Essas técnicas são muito eficazes quando conduzidas por um profissional especializado. Atividade física tem um poder transformador em todos os humanos, especialmente entre aqueles que enfrentam questões de saúde mental.

Assim como técnicas de respiração podem ser ensinadas, uma forma de favorecer o bem-estar da equipe é promover aulas online de ginástica laboral, ioga, entre outras atividades que busquem conectar mente e corpo. Mindfulness, o foco no agora, é um alívio para as incertezas do futuro.

Por fim, saúde mental não pode ser tabu! É nossa responsabilidade aprender a lidar com isso e promover bem-estar no trabalho.

Sobre Marcelo Miranda

 

Marcelo Miranda é o CEO da Consolis Tecnyconta na Espanha, filial espanhola do grupo multinacional francês Consolis, É um executivo reconhecido na criação de inovações que levam ao desenvolvimento sustentável.  Foi recentemente por oito anos o CEO da Precon Engenharia. É Engenheiro Civil  pela UFMG, com MBA em Stanford e especializações em Harvard, Columbia e Singularity University. Faz parte da lista dos 10 CEOs de destaque do Brasil com menos de 40 anos pela Revista Forbes,  e foi eleito Executivo do Ano pela Revista Encontro em  2015. É conselheiro de empresas, da ABRH e do Capitalismo Consciente.

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