*Por Eliane Ramos Vasconcellos Paes
A professora de psicologia da Universidade de Stanford, Carol Dweck, defende em seu livro Mindset, recém-lançado no Brasil, que as atitudes mentais das pessoas podem ser fixas ou progressivas. Os que têm a atitude mental fixa se atêm ao que acreditam ser seus talentos inatos, certos de que nada poderão fazer para mudá-los. Já as pessoas de atitude mental progressiva investem no esforço como agente transformador, capaz de construir competências e, por que não, mundos melhores.
As crianças sempre perguntam “por quê?” e costumamos responder “o mundo é assim”. Precisamos de pessoas que nos digam que o mundo não é assim. Precisamos, nós mesmos, perguntar por que o mundo não pode ser diferente. Precisamos de pessoas com o mindset progressivo. Que acreditam que as pessoas podem mudar, e o fazem a partir de si mesmas.
A diversidade parece ser um grande impulsionador de atitudes mentais progressivas. Proporcionar aos funcionários a convivência com a diversidade é ajudar suas mentes a sair da zona de conforto. Não à toa, a diversidade traz lucro real para as empresas. Um ambiente mais inovador, de abertura a novas ideias, chega a alavancar em até 20% os resultados financeiros de uma organização. Uma pesquisa da consultoria McKinsey revelou, por exemplo, que equipes executivas de maior pluralidade étnica têm probabilidade 33% maior de colocar a empresa à frente das outras em lucratividade.
A abertura para a diversidade se traduz em inovação, motivação, produtividade e liderança. Na guerra por talentos, ela contribui para que as empresas consigam atingir um número maior de pessoas, aumentando sua probabilidade de melhores contratações. Na hora de refletir sobre as demandas de seus clientes, que também são diversos, a diversidade traz uma visão mais ampla e rica. Colaboradores que percebem a diversidade como um ponto positivo dentro da empresa são mais motivados e dispostos a irem além de suas responsabilidades formais. Empresas em que não há lugares de trabalho fixos e determinado para os colaboradores sentarem estimulam a convivência entre setores, inclusive de chefias com os demais funcionários. O resultado é a troca de informações entre as mais diversas áreas, a criação de novas ideias para produtos, o aumento da agilidade e da satisfação da equipe e a redução do índice rotatividade de talentos.
Resolução melhor de conflitos, complementariedade de ideias nas tomadas de decisão, empatia, eficiência e um crescimento de imagem perante o público externo. Esses são apenas alguns exemplos das vantagens da diversidade como estratégia de gestão.
O trabalho é um grande amigo, que nos desafia a ser melhores todos os dias. Trabalhar com prazer faz uma grande diferença. Já reparou como a palavra diferença entra de forma positiva no texto?
Um mundo de pessoas iguais seria obviamente um mundo mais pobre. A natureza nos manda este recado. Por isso, hoje certamente será um dia diferente. Um dia para ouvir pontos de vista diversos e para sairmos daqui maiores. Um dia para fazer a diferença.
A música tem essa força universal de nos fazer sentir a urgência da inclusão, antes mesmo de pensar sobre ela. Por isso, para encerrar, chamo atenção para o refrão da faixa “Manifestação”, de um clipe lançado há alguns dias pela Anistia Internacional Brasil. Chico Buarque, Criolo, Fernanda Montenegro, Nando Reis e Letícia Sabatella, entre outros, estão juntos e misturados cantando o mesmo rap. “Proclamamos que não se exclua ninguém senão a exclusão”.
Somos todos diferentes. Cada um de nós é diferente. E é justamente isso que nos iguala.
*Eliane é presidente da ABRH-MG e diretora regional da Arquitetura Humana/PI Brasil.