Para a boa construção de um relacionamento saudável, a confiança é fundamental

*Por Eliane Ramos de Vasconcellos Paes

Em “A Rosa Púrpura do Cairo”, o mocinho sai da tela para declarar o seu amor por uma garçonete apaixonada pelo galã. E se todos aqueles que, ao longo da nossa vida, se dedicaram a nos proteger e salvar, fizessem o caminho inverso, quais seriam os heróis do nosso filme?

O primeiro deles é o nosso pai, porque ele, como canta o poeta, é o grande herói, muito mais que um amigo, parte indissociável do caminho, aquele que nos ensina o jogo da vida e por quem nunca vamos ficar mudos para falar de amor, ou seja, o modelo ideal personalíssimo de líder extraordinário e glorioso.

E os tantos outros líderes da nossa existência, que se dedicaram a nos ajudar, por que fizeram isso? Certamente porque nós faríamos a mesma coisa por eles, em uma troca de confiança, respeito e cooperação.
Para a boa construção de um relacionamento saudável, a confiança é fundamental. É uma crença edificada aos poucos e conquistada por meio dos nossos comportamentos e ações. Quem, tendo o próprio pai como mestre, aprendeu a andar de bicicleta, não sentiu medo, porque havia ao seu lado alguém forte o suficiente para segurá-lo.

Lembra do seu pai, quando dizia “Na nossa casa não se faz isso!”? Sabe por quê? Valores são aprendidos com os pais, cabe aos líderes reforçá-los. Se você começar alguma coisa que teria receio de contar ao seu pai ou ao seu líder, na empresa, pense bem antes de seguir em frente. Não dá para falar em convivência salutar sem a valorização da ética.

Assim como o pai em relação ao filho, o autêntico líder exerce influência positiva sobre os seus colaboradores, é admirado e a sua palavra é aceita como verdade. Na relação, existe um certo fascínio e até, diria, amor.

Aquele que usa do medo, da coerção, e precisa impor a autoridade do cargo para ser respeitado não é um líder, é um chefe que opera contra o crescimento do funcionário, que não se coloca no lugar dos colaboradores e que, portanto, não promove a troca de confiança, respeito e cooperação. Só o líder sabe se o comandado está passando por dificuldades financeiras ou se o filho dele apresenta algum problema de saúde. O que importa para o “chefe robô” é unicamente o resultado, que, se vier à custa do sofrimento de seu subordinado, por óbvio não será duradouro.

A admiração mútua no ambiente de trabalho cria espaço para a cooperação e o entendimento das divergências de ideias, promovendo o fortalecimento de soluções inovadoras e aumentando a satisfação e a assertividade na comunicação.

Aliás, comunicação é palavra derivada do latim, comunicar, e pressupõe “tornar comum” a informação ou experiência. Para isso, é preciso ser claro, transparente e construtivo, mantendo o respeito pelo outro, entendendo as ideias do próximo e assimilando o que, como líder, ele quer dizer, antes de se fazer impor como chefe.

O líder transfere conhecimento para todos os que o rodeiam, por meio de seus exemplos e de ações estratégicas.

Ele se preocupa com os outros, podendo até se sacrificar pelo coletivo em prol do seu individual.

Em um dos seus longas-metragens, Superman definiu muito bem o papel do herói: “Eles irão correr atrás de você. Eles vão tropeçar, eles vão cair. Mas, quando a hora chegar, eles vão se juntar a você. E você os ajudará a realizarem maravilhas”. Como um líder que se inspira em um herói faz isso bem!

O grande líder é o pai herói que se apresenta para orientar o amadurecimento dos filhos, é o espelho do exercício do exemplo paterno, refletido com profissionalismo, ética, inspiração, admiração e influência.

Fato: o tempo é implacável. O pai herói não acompanhará o nosso crescimento para sempre, não nos abraçará quando a vida nos machucar ou as noites esfriarem, mas, tenhamos fé, sob os cuidados dele, estaremos permanentemente nos inspirando a realizar o mais belo filme da nossa existência!

Neste domingo, vamos nos dar as mãos e, em prece, agradecer ao Pai pela dádiva que é sermos forjados no amor daqueles que, incondicionalmente, nos protegem de todo mal, estão em nós, nos mantêm honestos, nos dão forças, nos tornam nobres e, finalmente, nos deixam viver com orgulho.

*Eliane é presidente da ABRH-MG. Este artigo foi originalmente publicado no dia 08/08, na coluna Conexão RH, do jornal O Tempo.

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