Uma das pioneiras no setor de gestão social corporativa no Brasil, Jorgete Lemos, fala, em entrevista exclusiva à ABRH-MG, sobre a valorização da diversidade no trabalho, tema de sua palestra no 19º Congresso Mineiro sobre Gestão de Pessoas. Confira.
Considerada um dos grandes nomes da responsabilidade social corporativa, como a senhora definiria o panorama do setor no país? As empresas estão mais atentas à importância da gestão social?
Se considerarmos como parâmetro a década de 90, por exemplo, podemos dizer que evoluiu significativamente. Por que? O ambiente externo está pleno de oportunidades que de certa forma pressionam, positivamente, a tomada de posição das empresas para que possam aspirar e serem reconhecidas como empresas “world class”. Assumir a prática de elaboração e apresentação do Balanço Social, do relatório de sustentabilidade “Global Reporting Initiative”, adesão ao “Global Compact” da ONU, além de ensinar, fazem com que as empresas trilhem uma trajetória mais coerente com a atualidade e futuro, provocando engajamento a essas práticas, que compõem um caminho ascendente, sem volta.
Em um contexto global, como as empresas brasileiras estão se desempenhando? Ainda temos muito a aprender ou podemos ensinar também? A senhora citaria alguma iniciativa de destaque?
As empresas brasileiras têm práticas que podemos considerar benchmark, mas sempre haverá oportunidade para aprendizagem. Podemos ratificar essa evolução pelos cases inscritos e premiados, anualmente, em âmbito nacional, por intermédio do Prêmio Ser Humano da ABRH Brasil e das Seccionais, como ABRH-MG. Em 1999, quando ingressei na então, ABRH Nacional, não tínhamos essa modalidade Responsabilidade Social e coube a mim elaborar o regulamento que até hoje mantém sua estrutura básica considerando atualizações necessárias.Citar iniciativas de destaque mereceria segmentar por área de ação, público, enfim, o que tornaria muito complexa a indicação. Assim, prefiro que tomemos como base os cases vencedores nessa premiação.
O diálogo entre os setores de gestão de pessoas e gestão social já é bastante conhecido. Mas o que a senhora aponta como necessário para essa relação ser ainda mais produtiva?
Mais conhecimento mútuo quanto às fraquezas e forças de cada um, para que juntas possam traçar planos mais convergentes para melhores resultados. Se considerarmos a Responsabilidade Social para o público interno, para os empregados e seus dependentes, verificaremos um entrelaçamento das práticas de Gestão de Pessoas e Gestão Social, representadas pelos benefícios e serviços concedidos pelas empresas, voluntariamente, e que excedem a Legislação, e alcançam a comunidade no entorno.
Falando sobre diversidade nas empresas, o espaço das mulheres em altos cargos ainda é muito pequeno. No mundo elas ocupam apenas 13% das lideranças, segundo pesquisa do banco Credit Suisse. Qual o caminho para reverter esse quadro?
O caminho já vem sendo trilhado por nós com ações da ABRH Brasil e ABRH São Paulo, por exemplo, via “Grupo de Liderança Feminina”, assim como as ações desenvolvidas pelo Comitê de Responsabilidade Social CORES/ Fiesp, realizando eventos abordando o tema, formando grupos de estudos e cada vez mais arregimentando público para adesão a essa causa.