Inovações tecnológicas devem ser incorporadas aos processos tradicionais para impactar as estratégias e resultados das organizações
É impossível frear a tecnologia. Os gestores de empresas devem compreender isso o quanto antes para que suas companhias se mantenham saudáveis e competitivas. Toda organização, para preservar a relevância em sua área de atuação, deve enxergar as novas tecnologias como forças complementares, que precisam ser adotadas e incorporadas de maneira harmoniosa aos tradicionais processos corporativos e produtivos. Esse é um dos apontamentos do estudo global Tech Trends 2018, produzido pela Deloitte.
A mais nova edição do relatório anual revela tendências-chave em tecnologias empresariais que podem ter impacto disruptivo nas estratégias e resultados das organizações dentro dos próximos 18 a 24 meses. O levantamento aborda as grandes forças que alimentam a inovação – cloud e redefinição de sistemas centrais, por exemplo – além da mudança do papel da tecnologia da informação nas empresas.
Novo mindset corporativo
“Diferente das tecnologias mais maduras e tradicionais, as tecnologias disruptivas exigem uma mudança do mindset corporativo na sua adoção. É necessário que a empresa se organize de forma diferente em seus diversos níveis organizacionais, processos, parcerias, métodos, e promova uma integração mais ágil e segmentada das diversas soluções disponíveis”, afirma Fabio Pereira, sócio da área de Tecnologia, Estratégia e Arquitetura e líder do CIO Program da Deloitte Brasil.
Pereira explica que, com as novas tecnologias, os ciclos de criação, experimentação, prototipação e produção são mais curtos. Ele também lembra que as soluções vêm de diversos canais, parceiros e marketplaces. “A Deloitte atua de forma multidisciplinar em todo ciclo desta transformação digital partindo de um âmbito estratégico, passando pela implementação de métodos, processos, soluções e gestão destes resultados”, diz.
Tendências de tecnologias disruptivas
Entre as tendências apresentadas no Tech Trends 2018, pode-se destacar a “nova classe de trabalho”, que discute estratégias de RH para gerenciar ambientes nos quais humanos e máquinas atuam de forma conjunta e complementar, e também o chamado “novo núcleo”: as principais funções das áreas de finanças e da cadeia de suprimentos estão sendo repensadas diante da convergência digital e da ruptura dos limites operacionais tradicionais.
Também foram contemplados no relatório temáticas como a realidade digital, tecnologia de reengenharia, soberania de dados empresariais, API (interface de programação de aplicativos) e tecnologias exponenciais.
CIO e CTO: função estratégica
Diante de tantas novidades, o CIO (Chief Information Officer) e o CTO (Chief Technology Officer) serão figuras-chave dentro das corporações. Segundo o levantamento, com o avanço das atuais tecnologias – a exemplo da automação, da computação cognitiva e da inteligência artificial – tais cargos tendem a ganhar cada vez mais expressão.
“O papel do CIO e CTO tem sido pressionado a mudar de foco devido a dois principais fatores: a insatisfação em relação aos serviços de TI e a necessidade de mudanças na própria estratégia de negócio das organizações. A inovação tecnológica é peça-chave em ambos os fatores”, esclarece Fabio Pereira.
Daqui para frente, o acompanhamento das tendências tecnológicas não será mais tarefa exclusiva do CIO ou CTO, e sim caberá a todo o corpo diretivo, de modo que as tecnologias disruptivas possam gerar impacto significativo e mensurável em toda a empresa.
Para que isso aconteça, o CIO ou CTO deverão mudar o foco de trabalho e dedicarem-se mais tempo às estratégias, alinhando os investimentos de TI junto às metas da organização e inspirando a inovação em arquitetura de negócio, operações e tecnologia. “Competências como liderança, credibilidade e inteligência emocional têm sido colocadas à frente de capacidades técnicas”, ressalta Pereira.
Futuro nas telas
Toda essa efervescência tecnológica não se restringe ao ambiente corporativo. Ela está nas ruas, nas mãos da população – e o smartphone é uma das estrelas desse mundo pulsante. O estudo global “Previsões em Tecnologia, Mídia e Telecomunicação” – TMT Predictions 2018, feito pela Deloitte, revela justamente isso.
O levantamento apontou que, no ano de 2023, serão vendidos 1,85 bilhão de smartphones em todo o mundo – o equivalente a mais de cinco milhões de unidades por dia. Seguindo essa tendência de consumo, a Deloitte prevê que os consumidores irão interagir com seus telefones, em média, 65 vezes por dia em 2023 (20% mais do que em 2018). Outra descoberta do estudo é que até o ano de 2020 haverá mais de 680 milhões de assinaturas de conteúdos digitais, com consumidores cada vez mais dispostos a pagar por isso.
O mundo na palma da mão
Para completar, dentro dos próximos cinco anos, acredita-se que o smartphone terá assimilado várias funções adicionais, servindo como chave, cartão de entrada, cartão de crédito e débito. Tudo indica que esses dispositivos serão cada vez mais utilizados para autenticar o acesso a ambientes físicos e digitais, desde casas e quartos de hotel até carros, ônibus, trens e aviões.
“Esse acúmulo de funcionalidades aumenta exponencialmente o número de interações executadas pelo usuário. Com o mundo cada vez mais conectado, tecnologias de ponta mais baratas e acessíveis, novos modelos de negócio exploram as capacidades tecnológicas do smartphone”, diz Pereira. “Um ponto importante para as empresas definirem como um foco primário está na experiência do usuário. Manter-se interessante no mercado é a tarefa a ser considerada”.
Machine learning vai dobrar até o final de 2018
O TMT Predictions 2018 também aponta que o machine learning (tecnologia capaz de fazer com que um dispositivo “aprenda”, registre e implemente facilidades de operação a partir da análise dos hábitos do usuário) é uma forte tendência para os próximos anos.
Segundo o estudo, a implementação de machine learning dentro das organizações deve dobrar em até o final de 2018. A Deloitte acredita que o avanço dos novos chips tornará esse processo mais fácil, rápido e barato. O objetivo do uso de tipo de processador é ampliar o “aprendizado” da máquina, ao mesmo tempo em que os sistemas gastem menos energia e se tornem mais responsivos, flexíveis e com maior capacidade de processamento.
“Hoje em dia, toda organização é uma empresa de tecnologia em seu core, buscando inovação e crescimento enquanto endereça os problemas do dia-a-dia”, comenta o porta-voz da Deloitte. Segundo ele, as empresas que têm se apoiado somente na operação apresentam dificuldades para se manterem competitivas ou até mesmo no vivas mercado. “Muitas chegam a fechar as portas”, diz Fabio. “Tecnologias como cloud computing, analytics e digital terão papel cada vez mais presente no mundo de TI e dos negócios. Blockchain, linguagem cognitiva e cyber security também realizarão papel fundamental para consolidar estas tecnologias e transformar o Business of IT”, finaliza.
Fonte: Deloitte Brasil