*Por Marise Drumond
As provocações e desafios que a vida nos traz, sempre serão traduzidas em intensas mudanças, ora manifestadas pelo desejo pessoal, ora pelas necessidades impostas e oriundas de sobrevivência. Toda mudança sugere movimento e crescimento, é um estado essencial na vida das pessoas, independentemente da área de necessidade, como a emocional, espiritual, física e profissional. No entanto, sabemos que é um processo complexo e difícil de assimilar, mas se bem administrado, pode se tornar a oportunidade de estimular e sustentar o dinamismo e empenho das pessoas, proporcionando novas experiências e amadurecimento para viver e trabalhar.
Em se tratando da mudança nas organizações, a “toada” é a mesma e necessária, pois a cada dia se intensificam mais a complexidade das exigências, as demandas de inovações, a excelência em qualidade e, principalmente, o foco em resultado. Porém, o que tem feito nos fazer refletir é a condução destas mudanças, ou seja, o modus operandi que, na maioria das vezes, é executado com total falta de planejamento e competência para suportar essas mudanças de forma equilibrada e construtiva. Se as transformações forem bem feitas, podem ser traduzidas em evolução e crescimento das pessoas e das organizações.
As mudanças ocorrem abruptamente no mundo organizacional, com tomadas de decisões impulsivas, sem avaliação de riscos e consequências, insuficiência de produtividade, gastos maiores do que os previstos e morosidade para emplacar a mudança. Todos esses fatores somados acabam gerando um clima de desconforto, desconfiança e mal estar entre as pessoas, provocando mais bloqueios e entraves na perspectiva da cultura da mudança.
As pessoas geralmente ficam na contramão da lógica do mercado de trabalho neste cenário de incertezas. Assim, tornam-se reféns delas mesmas, com comportamentos obsoletos, optando por resistir, reação natural e menos dolorosa a ter que enfrentar o novo. Essa resistência surge porque o desconhecido traz insegurança, ao contrário de se realizar as mesmas coisas que significa “manter-se” seguro, sem esforço e na zona de conforto.
Neste contexto de mudanças, chamamos a atenção para o papel da área de recursos humanos, uma vez que essa área tem tudo para se valer de sua ação estratégica, traduzida pelo auxílio às pessoas a encontrarem novas ideias, propostas e diferentes soluções que atendam às necessidades do negócio.
Porém, esta ação só será concretizada se os RHs atuarem como grandes compartes na sustentação das mudanças. Mediante sua capacidade de influenciar de forma assertiva, entendendo o cenário sem julgamento e capacitando todos na construção de parcerias, tornando-se um importante agente de mudanças organizacionais.
O RH precisa se posicionar como estratégico e ganhar seu espaço independentemente da natureza da mudança. Ao desenvolver as suas práticas não só por meio de discurso coerente, mas também com ações de coragem, que possam desconstruir, com respeito e coerência, os pensamentos limitantes da organização, possibilitando mudanças de forma consistente e sustentável.
É de grande importância que o RH saiba avaliar se, na verdade, as pessoas que estão sendo impactadas pela mudança, estão de fato internalizando essas mudanças, pois mudar não é apertar um botão ou simplesmente receber uma ordem e tudo está mudado. É fundamental que as pessoas saibam, com transparência e o devido esclarecimento, o que está sendo mudado na organização e qual o impacto dessa mudança na vida delas. Somente dessa forma elas poderão estimar se vão comprar a causa e se inserir no contexto de mudanças, caso seja esse o desejo delas, podendo assim atuarem como protagonistas de uma mudança, mesmo confrontadas com os medos, incertezas e inseguranças.
Como já dizia Piaget, o grande mestre da educação, “Quando alguém se interessa pelo que faz, é capaz de empreender esforços até o limite de sua resistência física”.
* Marise Drumond possui MBA em Gestão de pessoas pela UFMG, Especialista em gestão estratégica empresarial PUCMG e graduada em Serviço Social PUC-MG, com certificação internacional em Gestão de Mudanças pela Prosci e formação em coaching pela SBC. Atua hoje como Consultora Organizacional com foco em gestão de mudanças. Diretora de Gestão da ABRH-MG na gestão 2016/2018.