*Por Alba Valéria Santos
Muitas pessoas acreditam que trabalho e felicidade são como água e óleo. Não se misturam. Isso muitas vezes é verdade e as organizações têm contribuído significativamente para que este sentimento seja autêntico.
No trabalho desejamos que haja um perfeito encontro das atividades com os nossos objetivos. No entanto, no dia a dia de nossa profissão, isto é, no mundo real, as decisões muitas vezes vão de encontro aos nossos propósitos e isto gera, invariavelmente, desconforto, frustração e infelicidade.
Pesquisas apontam que cerca de 60% das pessoas estão infelizes com seus trabalhos. Podemos reverter isto? Sem dúvida. Mas é preciso coragem dentro das organizações que hoje estão alicerçadas em protocolos, normas e regras que as prendem com grandes correntes e bolas de ferro a exageradas burocracias.
Isto posto, quero compartilhar alguns pensamentos que tenho sobre como deixar as pessoas mais felizes e satisfeitas com o mundo do trabalho.
Primeiro: sempre acreditei que os ambientes de trabalho precisam ser permeados por respeito e confiança. Esses devem ser o ponto de partida.
Outra questão fundamental é como o líder trata a equipe. Como ele considera as ideias, as críticas, as sugestões, como administra os conflitos, como se relaciona com os diferentes indivíduos e toma as decisões do dia a dia. Como, de fato, ele valoriza, analisa e discute com seu time viabilidades e soluções. Se isto for verdadeiramente uma prática, ponto para a felicidade dos profissionais e para a necessária produtividade que gerará bons resultados.
Outro ponto essencial é a coerência entre a fala e a prática. Não se pode dizer que uma empresa confia e concede autonomia aos seus profissionais, se ao ter que adquirir um simples laptop para o trabalho, que custa em média 3 mil reais, uma dezena de aprovações se faz necessária. A diferença entre a mensagem e o ato faz com que as pessoas não acreditem que estão de fato em uma organização onde a confiança realmente exista. Não estou falando que os controles não são necessários, porém geralmente o nível de burocracia é gigante. Por isso, os jovens estão sendo cada vez mais seduzidos pelas startups. Elas são simples, ágeis e seguem uma lógica que faz sentido na atualidade. Grandes corporações, nesse caso, sofrem com a tradicional inércia e, assim, desestimulam seus profissionais, que a cada burocracia, dia após dia, vão deixando de se engajar. É a isso que chamo de coerência. Se disse que é, então pratique.
Outro paradigma é acreditar que é preciso gastar dinheiro para deixar os profissionais satisfeitos e felizes no trabalho. Não é. Não estou falando aqui que é preciso criar espaços lúdicos, com mesas de jogos, massagens e sofás coloridos. Sem demérito nenhum às empresas que investem nesse tipo de “mimo”, que inclusive colaboram em muito para a qualidade de vida.
É preciso lembrar que as pessoas querem e gostam de ser tratadas com ética e justiça. Querem relações respeitosas. Quando isto está presente, o nível de dedicação e empenho é infinitamente superior. Por que alguns líderes insistem em não acreditar nisso?
A forma como se trata as pessoas, o jeito como as ouve, o nível de educação e respeito nas interações definirão a qualidade das relações e a felicidade no trabalho.
Saiba, comprovadamente, que profissionais mais felizes geram até três vezes mais receita para suas organizações. Não acredita? Então experimente colocar em prática as ações acima.
*Alba Valéria Santos é presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-MG.