Artigo de autoria da consultora Silvia Roscoe*

 

Meu filho quer tocar guitarra. Liguei para professores para saber informações a respeito e descobri que o processo pode levar anos de aulas semanais e muita prática.

Imaginei uma conversa como as que presenciamos cotidianamente entre cliente e fornecedor:

Cliente: O curso vai levar quanto tempo?

Fornecedor: Não há como dizer, vai depender do desenvolvimento do seu filho.

Cliente: Mas é que a agenda dele está muito apertada. Você não pode garantir que ele aprenda a tocar guitarra em pelo menos umas 16 horas?

Fornecedor: ??????

Cliente: Pois é, estive pensando numa forma mais prática, vamos pegar uma sexta-feira e um sábado e vocês dão aula para ele durante 16 horas seguidas. E, para diluir o custo do curso, estava pensando em combinar com os colegas dele de também participarem. Pode ser uma turma com 30 pessoas?

Fornecedor: ?????? – Nós não damos cursos para 30 crianças de uma vez. Se ele não tem conhecimento prévio de música, 16 horas é muito pouco para aprender a tocar guitarra.

Cliente: Mas eu estava pensando que podíamos aproveitar que eles estão na aula para aprender a tocar bateria também de uma vez.

Fornecedor: ?????? – Desculpe-me, mas não é mesmo possível.

Cliente depois conversando com o amigo: Este fornecedor é muito inflexível. Não tem a menor noção do que é atendimento a cliente. Assim vai ficar fora do mercado rapidamente.

Você deve estar achando esta conversa a coisa mais esquisita do mundo, mas, infelizmente, ela ocorre inúmeras vezes na área de Desenvolvimento de Pessoal. Os contratantes querem desenvolver, por exemplo, liderança, habilidades interpessoais, comunicação, gestão do tempo, planejamento e querem que isso seja feito em um programa de 16 horas de duração.

Como o milagre não ocorre, dizem que o treinamento foi ruim.

É importante deixar claro que é possível conseguir resultados até em uma palestra de 1 hora. Muitas vezes a pessoa ouve algo que a sensibiliza e começa a fazer uma série de mudanças em sua forma de atuar. Por outro lado, precisamos saber que há mudanças que são mais demoradas e que ações de desenvolvimento isoladas dificilmente gerarão o resultado esperado.

Eu não esperaria que o meu filho aprendesse a tocar guitarra em 16 horas. Porque pensaria que é mais fácil para um adulto mudar seus hábitos de gerenciamento do tempo, liderança, relacionamento, etc?

Muitos então dizem:

– “Estes treinamentos não funcionam, investi e não obtive os resultados esperados.”

– “ As pessoas não mudam mesmo.”

– “Já dei inúmeros feedbacks para esta pessoa e ela não mudou.”

Então precisamos considerar o seguinte:

– Quanto você realmente investiu nesta pessoa?

Só dar feedback às vezes não é suficiente. Em alguns casos, é necessário ajudar as pessoas a superar suas dificuldades.

Um treinamento de 16 horas seguidas é muitas vezes apenas uma parte de um processo muito mais longo e abrangente.

– Quais mudanças foram feitas no ambiente para favorecer o desenvolvimento?

Os líderes dessas pessoas estão preparados para acompanhar, incentivar e até promover as mudanças que elas precisam fazer?

Sei que recursos de tempo e dinheiro são limitados, mas, se não pensarmos em projetos de desenvolvimento sistêmicos e continuados, rapidamente perdemos os investimentos pontuais que fizemos e pior: perdemos competitividade.

O custo de não investir é maior que o de investir.

Ações de desenvolvimento vão desde leituras, auto-observação, visitas, contatos, acompanhamento de líderes até cursos, treinamentos, mentoring, coaching, estabelecimento de desafios, terapia, etc.

Invista em Desenvolvimento!

*Sílvia Roscoe tem mais de 20 anos de experiência em RH, tendo atuado em grandes empresas. Atualmente dedica-se à coaching, treinamento e desenvolvimento de pessoas.

 

Posts Relacionados:

Vencedores Prêmio Ser Humano MG 2022

Conexões Humanas 2022

Segurança Psicológica: Chave para o Aprendizado e Inovação?

ABRH/MG Talks: Metaverso no mundo do trabalho

Deixe seu comentário abaixo:

MENU