*Por Eliane Ramos Vasconcellos Paes
“No futuro você não será dono de nada e terá acesso a tudo.” A frase é de Kevin Kelly, co-fundador da revista Wired. Ele explica que a revolução das comunicações impulsionou a desmaterialização e a descentralização das coisas. Kelly acredita num futuro em que não haverá posses e sim, acessos.
Não sabemos se essa previsão vai se cumprir. Mas, se observarmos somente a última década, podemos apontar uma certeza: as mudanças estão só começando. A nova palavra permanente é mudança.
Um smartphone é, ao mesmo tempo, câmera fotográfica, câmera de vídeo, leitor de CD, aparelho de som, console de games, relógio, despertador, atlas, enciclopédia, aparelho celular. Hoje você pode fazer todos os deslocamentos de carro, sem necessariamente ter um carro. Você fala por voz ou dados com o mundo inteiro a um custo mínimo, sem precisar dar um telefonema. Você pode ouvir praticamente qualquer música, sem precisar comprar essa música. Cada vez mais gente viaja pelo mundo graças a plataformas de hospedagem mais barata, como o Airbnb. O entretenimento está sendo desmonetizado por serviços como Netflix, App Store e Youtube. A economia não vive mais sem as palavras compartilhamento e criatividade. E essas duas palavras não vivem sem uma terceira: tecnologia. O digital está provocando uma disrupção em cada setor da velha economia.
Recursos como robótica, inteligência artificial e realidade virtual estão revolucionando as formas de viver e trabalhar. A inteligência artificial vai ajudar a apurar diagnósticos, robôs serão capazes de realizar cirurgias com absoluta precisão, novos medicamentos poderão ser impressos em 3D. Carros autônomos nos permitirão relaxar, ler, dormir ou trabalhar durante o deslocamento. A realidade virtual poderá aproximar colegas de trabalho num mesmo ambiente, sem a necessidade de todos estarem de fato no mesmo lugar. A moradia ficará mais barata à medida que a localização se tornar cada vez menos relevante – a tecnologia encurtará as distâncias. A escola online poderá ser disponível a todos, independentemente do poder aquisitivo, a mesma educação e informação.
Por tudo isso, o teórico Peter Diamandis, autor do livro “Abundância”, acredita que o futuro será melhor do que imaginamos. Mas, ainda assim, estamos mais preocupados com o que a tecnologia pode nos roubar. Se a democracia digital está mesmo acontecendo. Como nos diferenciaremos? Como indivíduos absolutamente únicos, insubstituíveis. E complementares. No auge da tecnologia, as conexões nunca foram tão humanas.
E para possamos nos adaptar a esse mundo em constante transformação, a gente precisa atualizar o nosso “aplicativo” cerebral constantemente, como mostrou o Conexões Humanas, evento realizado em novembro de 2017 pela ABRH-MG. Foi apresentado o que há de mais avançado entre as mais avançadas tecnologias: cérebros incríveis que estão por trás das mudanças de paradigmas. Cérebros humanos. Porque à frente ou por trás de todas as inovações, como origem ou destino de toda e qualquer transformação, estão as pessoas e suas relações. As pessoas e suas conexões. Por trás, à frente. Origem, sentido. O ouro são as pessoas.
Enquanto estivermos conectados ao desejo de resolver o problema de alguém, encontraremos um trabalho, um propósito, um sentido.
É como diz um amigo meu: “mudar para continuar sempre o mesmo”. Em outras palavras, mudar para não perder a essência. Seja o mundo do jeito que for.
*Eliane é presidente da ABRH-MG e diretora da Arquitetura Humana | PI Brasil