Artigo escrito por: Elaine Andrade dos Santos
A simples menção à palavra feedback causa inquietação e incômodo em muitas pessoas. Mas, a verdade é que o feedback é uma importante ferramenta para a gestão eficaz e elevação dos resultados empresariais. Além disso, também contribui para a performance individual e aquisição de novos comportamentos, quando bem aplicado e com foco no desenvolvimento das pessoas.
Por que focar no desenvolvimento? O feedback, em geral, utiliza elementos e situações passadas como ponto de partida para corrigir falhas identificadas no desempenho e comportamentos inadequados. Considerando essa perspectiva, de forma restritiva, potencializam-se os erros, mas não oferece ações efetivas para a melhoria contínua em relação ao futuro do indivíduo, mesmo sendo direcionado para o resultado e não para a pessoa. Com isso, provoca resistência e até mesmo ressentimento, mais do que aprendizado e estímulo para mudanças.
É claro que refletir sobre acontecimentos passados é uma forma de aprendizado, de reflexão sobre o que provocou desvios no planejamento e até na conduta e buscar formas de não repeti-las. No entanto, é fundamental compreender o tempo e espaço do passado e buscar mecanismos para estimular mudanças necessárias e o processo de autodesenvolvimento, valorizando também e essencialmente, as possibilidades futuras, apoiando as pessoas a serem mais autoconfiantes e comprometidas com seu processo de desenvolvimento, visto que o feedback é um instrumento para o autoconhecimento e referência, no entanto, não podemos mudar o passado.
A falta de prática
Dar feedback, principalmente o corretivo, é visto como uma tarefa difícil para muitos líderes, pois, em geral, as pessoas que o recebem ficam na defensiva e levam o seu conteúdo para o lado pessoal. Por outro lado, muitas vezes esse desconforto é devido à falta de prática ou método adequado. Para o cientista comportamental Richard Boyatzis[i], o líder deve aproveitar todo momento de interação com os membros de sua equipe para ter “conversas inspiradoras”. “Conversas inspiradoras”, significa inspirar no outro o que ele tem de melhor e esse ser um processo contínuo, não somente nos momentos formais de avaliação de desempenho. Além de um método eficaz, é fundamental a comunicação assertiva. Alguns dos principais problemas das organizações estão atrelados a falhas na comunicação e à falta de feedback. Por isso, o líder precisa aprimorar sua comunicação para que ela seja uma ferramenta de gerenciamento efetivo e apoiador na busca por soluções e na condução das equipes na busca por melhores resultados.
Feedback ou Feedforward?
Os dois. O feedback representa o primeiro passo para o autoconhecimento, mas para o processo de autodesenvolvimento e mudanças, o individuo precisa acessar seus recursos e capacidades para se tornar o protagonista nessa trajetória. Marshall Goldsmith um estudioso renomado do comportamento humano, é o principal disseminador e defensor da prática do Feedforward. Enquanto o feedback é uma análise baseada no retrovisor, o Feedforward é voltado para o futuro, para o potencial, o que o indivíduo pode vir a ser, se bem orientado e estimulado. É o casamento perfeito, visto que o autoconhecimento é o primeiro passo, fazendo com que o indivíduo tenha consciência de onde está, por meio do feedback e o Feedforward trabalha com três variáveis: o presente, o futuro e o potencial, ou seja, faz com que o indivíduo reconheça suas potencialidades e recursos que já possui, por meio de sugestões específicas de ações, da seguinte forma: identifia-se um comportamento que é necessária a mudança e se estabelece o foco no que é preciso mudar, otimizar ou melhorar, concentrando os esforços nas oportunidades e soluções.
É mais ou menos o que acontece com o processo de coaching, que prioriza o desenvolvimento de competências, partindo de um estado atual para um estado desejo. O papel do Coach, então é apoiar o coachee nessa trajetória em busca dessa evolução pessoal e profissional. A atuação da liderança, nesse sentido, aproxima-se do processo de coaching na orientação para a alta performance, com foco no que o indivíduo pode e deve melhorar, favorecendo assim, o relacionamento entre líder e liderado, ou seja, a prática efetiva de uma liderança verdadeiramente inspiradora.
Cada vez mais o líder precisará atuar dessa forma, visto que as novas gerações, Y e Z, buscam por esse tipo de liderança, que os inspire e oportunize condições para serem melhores, para atingir níveis mas elevados de excelência, ou seja, é uma prática de liderança para inspirar e motivar esse público que não se exime em oferecer feedback, mas apresenta dificuldade em oferecer um feedback orientado, que tem muita energia e criatividade, mas que precisa de sugestões e ideias práticas que os ajude a se tornarem melhores, sendo este o foco do feedforward. Por isso, essas duas ferramentas juntas potencializam o desenvolvimento de profissionais e equipes, acelerando aprendizados e o desenvolvimento, principalmente a maturidade. A maturidade sendo um processo de autopercepção, percepção do outro e do ambiente onde se está inserido, contribuindo assim, para aumentar o nivel de satisfação e a criação de um ambiente de confiança e de reconhecimento.
Então, comece a praticar!
Eu gostaria de um feedforward seu. Poderia me dar duas ideias que eu possa colocar em prática e melhorar?
REFERÊNCIAS
MARSHALL, Goldsmith. Feedforward: Comic Book by Marshall Goldsmith (Author), Shane Clester (Illustrator), Corey Michael Blake (Producer), December 14, 2012, Writers of the Round Tabe Press.
[i] Richard Boyatzis é professor de comportamento organizacional, psicologia e ciências cognitivas da Case Western University (EUA).