Usar o design na busca de soluções criativas para o marketing e comunicação de sua empresa não é uma novidade. Porém, a maneira de pensar do designer, ou o design thinking, vem ganhando espaço em vários outros setores, como finanças, por exemplo. Curioso? Entenda mais sobre o assunto neste artigo da especialista em design intelligence, Denise Eler. Ela será uma das convidadas do COMRH 2015, evento que ocorre em Belo Horizonte nos dias 6 e 7 de maio.
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Já muito falado por aí, o design thinking, ou a forma de pensar do designer incorporada à estratégia de negócios, vem sendo valorizada por ter como objetivo a solução de problemas orientada para a inovação. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas com gestores de design thinking ao redor do mundo – alguns brasileiros – mostrou que cerca de 80% deles percebeu que as empresas geraram soluções mais criativas e mais ágeis quando passaram a usar o método. O mesmo estudo mostrou também as vantagens nos resultados financeiros: mais de 70% dos gestores entrevistados pela pesquisa perceberam melhora nas finanças das empresas.
O uso do pensamento do design aplicado à estratégia de negócios começou a ser discutido globalmente em 2006, durante o Fórum Econômico Mundial, e passou a ser reconhecido como valor especialmente durante a crise financeira de 2008 – quando o modelo econômico rígido adotado até então começou a parecer insustentável em um mundo global e complexo. Google e Apple passaram a ser referências de empresas altamente lucrativas e inovadoras que administram seus negócios com designers e a cultura do design passou a ser incorporada no corpo diretivo de grandes organizações.
No Brasil, o termo parece ganhar força maior agora, frente à contínua desaceleração da economia que coloca os empresários na posição de repensar muitos de seus processos. Muitas das principais escolas de negócios do país lançaram seus cursos de Design Thinking em 2014 e a busca por serviços de consultoria e treinamentos para a educação corporativa aumentou consideravelmente. A percepção é de que a crise financeira de 2008 levou as escolas de negócios a reconhecerem que o pensamento industrial deixou de produzir resultados esperados. Tomar decisões baseando-se em dados puramente quantitativos e tendências de mercado tem se tornado uma prática cada vez mais perigosa à medida que os cenários mudam antes mesmo de serem compreendidos.
A empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro e das suas interações com o ambiente, e a prototipação, que é produzir uma versão física de um produto antes dele ser fabricado, são alguns dos passos desse processo que tem como ideal unir os dois lados do cérebro para pensar: ora de forma analítica, ora de forma sintética. Isso significa, portanto, colocar como prioridade o resultado para o consumidor final, sem perder a viabilidade operacional e o retorno financeiro de cada ação.
Nesse contexto, a cultura de trabalho focada exclusivamente em desempenho e resultado passa a ser revista por restringir a capacidade dos colaboradores de experimentar caminhos diferentes e, principalmente, de errar – o que, segundo a especialista, é um dos principais aprendizados a serem valorizados por empresas que buscam adotar o Design Thinking como ferramenta estratégica. Isso porque um bom desempenho deixou de ser suficiente para resolver problemas tão variáveis e complexos – sejam dos produtos ou dos clientes.
Sobre o autor | Denise Eler atua há 15 anos junto a Universidades Corporativas de Empresas Nacionais e Multinacionais de negócios variados como Indústria, Serviços, ONGs, Academia e Governo.É precursora na consultoria e ensino do Design Thinking no Brasil onde acumula respeitável experiência aplicando a abordagem na concepção de Programas de Liderança e de Inovação. É mentora da área de Design Intelligence no Isvor Fiat e dos Programa de Aceleração de Start ups Abril Plug and Play e Aceleradora 21212. Como palestrante, participou de eventos Internacionais como o Global Forum América Latina e o Interaction Design. Em 2014, Denise está à frente do ATOEFEITO – um manifesto para a transformação social formado por profissionais voluntários.