Temos todo o tempo do mundo

Vivemos tempos difíceis, notadamente no mercado de trabalho, mas cabe a cada um de nós tentar e não desistir jamais

*Por Eliane Ramos de Vasconcellos Paes

Em “As Vinhas da Ira”, Steinbeck escreveu que a qualidade básica da humanidade, que a distingue entre tudo no universo, é sofrer e morrer por um ideal.

Conforme o IBGE, são mais de 4,7 milhões de brasileiros desalentados, acima de 14 anos. São profissionais que, depois de muitas tentativas fracassadas, desistiram de procurar emprego.

Outros já se enquadram naqueles que não estão felizes na empresa que trabalham ou vivem conflitos no relacionamento, seja com chefias, pares ou subordinados. Às vezes, as pessoas não pedem demissão da organização, mas, sim, do seu chefe, que pode estar longe de ser um líder.

Será que o seu chefe vai mudar? Ou o caminho mais inteligente seria você transformar a relação com ele, ou, ainda, ter a coragem de replanejar a sua carreira? Segundo Thomas Malone, do MIT, não se trata de uma oportunidade para fazer coisas incrivelmente inéditas, mas de uma necessidade constante de mudança!

Vivemos tempos difíceis, notadamente no mercado de trabalho, mas cabe a cada um de nós tentar e não desistir jamais. As pessoas estão atentas ao legado que querem construir, desejam trabalhar com propósito, mas, quando não se sentirem felizes, sob o ideal de transformarem a crise em oportunidade, não terão medo de mudar.

“Veja o sol dessa manhã tão cinza”! Todo dia você tem a oportunidade de fazer o que quiser, de ser quem desejar. E sabe quem poderá ser a melhor pessoa para te ajudar ou dificultar as coisas? Você! Só depende de você!

Não se pode perder a esperança, nunca! Cortella adverte sobre não confundir esperança, do verbo esperançar, com esperança, do verbo esperar. “Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”.

Uma das grandes chances de encontrar novas oportunidades é investir no seu networking. Quanto mais você se integrar à sua rede de convívio, no momento da real necessidade a ajuda acontecerá da maneira mais natural. Fique atento, não adianta manter os contatos somente nos dias de martírios, mas sempre dedique um tempo regular para fortalecer essa ferramenta.

Podemos encarar a incerteza do futuro sem medo, contanto que saibamos que não o enfrentaremos sozinhos. Quando temos muito do “Eu” e pouco do “Nós”, nos tornamos vulneráveis e sós. Não foi por acaso que Sherry Turtle, do MIT, deu ao livro que escreveu sobre o impacto das redes sociais o nome de “Alone Together”.

O mundo se transforma velozmente e você precisa acompanhá-lo, cuidando diariamente da sua empregabilidade. Não assimilar essa realidade seria tão estúpido quanto você se questionar sobre a necessidade de se alimentar, dormir, respirar, amar, sorrir, chorar, praticar atividades físicas, cuidar de quem ama e estar aberto às mudanças.

Faça um bom planejamento. Liste todos os seus contatos, como antigos colegas, clientes e amigos que possam te ajudar. Treine bem o seu momento de venda de quem é você, falando sobre suas experiências e conquistas focadas em resultados. Objetividade sempre, tanto ao enviar uma mensagem virtual como para uma conversa olho no olho. Conheça o seu interlocutor, dando preferência a uma linguagem assertiva, com foco no estilo de comunicação dele. Nunca exagere na autopromoção: “Elogio em boca própria é vitupério”.

Organize os pontos mais importantes para essa conversa, seja verdadeiro sobre os motivos da rescisão do seu último emprego. Detonar a empresa pode não passar uma boa imagem, reflita bem como explicar a situação. As pessoas que possuem o hábito de culpar o outro, governo ou economia, acabam paralisadas na lamentação. Sempre têm uma desculpa para fugir das suas responsabilidades e terão mais dificuldade para chegar aonde desejam.

“Accountability” é uma atitude individual e positiva, principalmente diante das situações mais difíceis. Seja proativo, exerça a sua responsabilidade, buscando empresas-alvo onde gostaria de trabalhar. Uma nova realidade se impõe avassaladoramente, são dias de “grandes poderes requerem grandes responsabilidades”.

2019 não acabou. Temos todo o tempo do mundo para cuidar melhor da nossa rede de relacionamentos e de nós (peças mais importantes), para que conquistemos a oportunidade dos nossos sonhos. Com brilho nos olhos, desejo, fé e a persistência de viver por um ideal.

*Eliane é presidente da ABRH-MG. Este artigo foi originalmente publicado no dia 11/04, na coluna Conexão RH, do jornal O Tempo. 

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