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Quando o problema não é o chefe: o perigo dos liderados tóxicos

Muito se fala sobre os danos causados por líderes tóxicos dentro das empresas, mas há outro fator igualmente prejudicial que precisa ser debatido: os liderados tóxicos. Funcionários que cultivam comportamentos negativos, como fofocas, jogos de poder, falta de comprometimento e resistência à colaboração muitas vezes velada, também minam o clima organizacional e comprometem os resultados da empresa. Se a liderança tem um papel fundamental na construção de um ambiente saudável, os colaboradores também precisam ser responsáveis pelo impacto que geram na equipe.

Liderados tóxicos agem de diversas formas, como disseminar boatos, criar desconfiança e prejudicar a comunicação. Alguns adotam postura passivo-agressiva, resistindo a mudanças ou sabotando projetos, enquanto outros nunca assumem responsabilidades, culpando terceiros. Há também aqueles que se vitimizam constantemente, minando o moral da equipe e transformando o ambiente em um espaço de negatividade e reclamações, em vez de soluções. Essas atitudes desgastam emocionalmente o time e comprometem sua produtividade.

Um aspecto preocupante é que a toxicidade de alguns colaboradores pode desestabilizar até mesmo boas lideranças. Gestores que precisam lidar constantemente com funcionários problemáticos acabam desviando sua atenção do desenvolvimento estratégico para a gestão de conflitos. Isso desgasta a liderança e pode levar a decisões equivocadas, seja pela exaustão mental, seja pela necessidade de conter crises internas em vez de focar no crescimento do time.
As empresas precisam falar mais sobre esse tema e desenvolver estratégias para lidar com esse tipo de comportamento. Muitas organizações falham ao tolerar liderados tóxicos por medo de parecerem autoritárias ou por não terem processos claros para lidar com esse problema. Criar um ambiente onde a comunicação seja aberta e onde atitudes nocivas sejam identificadas e corrigidas é essencial para preservar a cultura organizacional e garantir um ambiente produtivo.
A solução passa por uma liderança firme e pela implementação de uma cultura de feedback contínuo. Treinamentos, conversas francas e avaliações de desempenho bem estruturadas são fundamentais para identificar padrões prejudiciais e oferecer oportunidades de mudança para esses profissionais. Em casos onde o comportamento tóxico persiste, é essencial que a empresa tenha mecanismos para afastar aqueles que, comprovadamente, não estão alinhados com os valores organizacionais.

Saiba que um bom ambiente de trabalho não depende apenas de líderes inspiradores, mas também de equipes saudáveis e colaborativas. Profissionais que realmente querem crescer precisam entender que seu comportamento impacta diretamente a empresa e seus colegas. Combater liderados tóxicos com a mesma seriedade dedicada às lideranças tóxicas é essencial para manter um ambiente corporativo equilibrado, produtivo e motivador. Ignorar esse comportamento pode comprometer a cultura organizacional, gerar conflitos e impactar negativamente a performance da equipe.

David Braga

David Braga

CEO da Prime Talent. Professor da Fundação Dom Cabral, Presidente da ABRH-MG, Presidente do Conselho de Administração do ChildFund Brasil e Vice Presidente do Conselho de RH da ACMINAS

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