A partir de maio de 2025, todas as empresas brasileiras serão obrigadas a incluir na gestão os riscos psicossociais como estresse, assédio moral, ansiedade e burnout, conforme determina a nova versão da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), atualizada pelo Ministério do Trabalho. As mudanças na regulamentação prometem transformar radicalmente a forma como a saúde mental é tratada no ambiente corporativo, elevando o tema à mesma importância dos riscos físicos e operacionais.
Para discutir os impactos dessa nova exigência, Belo Horizonte será palco, nesta quinta-feira (22), de um evento que reunirá especialistas no Hotel Mercure Lourdes. O debate é promovido pela Exclusive Seguros, em parceria com o Hospital Orizonti, o escritório de advocacia Chenut e a Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG).
Segundo o CEO da Exclusive Seguros, Marco Paulo Mascarenhas, a atualização da NR-1 reflete uma transformação profunda no mundo do trabalho. “A inclusão dos riscos psicossociais na norma não é apenas uma adequação legal. Ela reconhece, de forma inédita, que a saúde emocional dos colaboradores é essencial para a sustentabilidade das empresas. Ignorar isso hoje significa perder talentos, produtividade e reputação”, afirma.
O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos Minas Gerais (ABRH-MG), David Braga, destaca que a nova norma também altera o papel do setor de Recursos Humanos, que deixa de ser uma função meramente operacional para assumir uma posição estratégica dentro das organizações. Para ele, o RH passa a ser o guardião da saúde emocional dos times.
“A norma exige um olhar mais atento e estruturado. Isso inclui diagnósticos precisos do clima organizacional, políticas de apoio efetivas, capacitação das lideranças e um sistema de acompanhamento contínuo”, explica.
O evento contará com a presença do médico do trabalho Gustavo Nicolai, mestre em Saúde e Segurança no Trabalho pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ele reforça que a nova NR-1 obriga as empresas a saírem da zona de conforto e enfrentarem a realidade dos adoecimentos mentais.
“A saúde mental não pode mais ser tratada como modismo. A norma exige escuta ativa dos trabalhadores, identificação precoce de problemas e ações concretas para mitigação dos riscos. Trata-se de um novo patamar para o compliance trabalhista no Brasil”, analisa Nicolai, alertando para os impactos jurídicos e financeiros que a negligência pode acarretar.
O evento terá ainda a participação de Thiago Vinhal, triatleta profissional e primeiro atleta negro brasileiro a competir no mundial de Ironman, no Havaí. Ele trará uma visão inspiradora sobre disciplina, superação e saúde integrada no ambiente corporativo. Para Vinhal, a nova norma deve ser encarada como uma oportunidade estratégica. “Empresas que investem em saúde integral criam ambientes mais humanos, seguros e produtivos. Todos saem ganhando”, afirma.
A advogada Fernanda Assis, especialista em compliance e sócia do escritório Chenut, completa o time de especialistas. Ela destaca que a norma representa uma mudança de paradigma também do ponto de vista jurídico.
“A NR-1 estabelece critérios claros de responsabilização. Empresas que continuarem ignorando o bem-estar psicológico de seus colaboradores estão simplesmente fora do mercado moderno. Não basta ter boas intenções — é preciso comprovar ações efetivas e mensuráveis”, afirma.