A presença de profissionais especializados em gestão de pessoas nos Conselhos de Administração das empresas é cada vez mais vista como fator estratégico para enfrentar os desafios da transformação digital, escassez de talentos e exigências ESG. Com o objetivo de fomentar esse debate e influenciar a governança corporativa, a Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Minas Gerais (ABRH-MG) criou o Comitê de People & Business.
Formado por diretores seniores de RH, VPs de gestão de pessoas, CFOs e CEOs de grandes empresas, o comitê atua como um think tank executivo, com encontros regulares para discutir tendências e propor soluções que integrem o capital humano à estratégia do negócio.
“O comitê nasce como um espaço de articulação prática e estratégica. Queremos transformar o conhecimento acumulado em ações que impactem a governança e a performance das organizações”, afirma Junia Rodrigues, diretora do comitê.
O grupo promoveu seu último encontro presencial em Belo Horizonte, que contou com a participação da professora da Fundação Dom Cabral, Elismar Campos, e do coordenador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC-MG), Luis Gustavo Miranda. A pauta central foi a importância da governança corporativa orientada para pessoas, com ênfase no papel dos conselhos em tempos de mudanças profundas no mercado de trabalho.
Profissionais defendem papel estratégico do RH nas decisões de alto nível
Integrantes do comitê reforçam a urgência de ampliar a representatividade da área de gestão de pessoas nas instâncias decisórias das empresas. Para Mariana Moura, diretora de Pessoas e Cultura da Cimento Nacional, “o fator humano é o ativo mais complexo e valioso das empresas, e deve ser considerado em todas as decisões estratégicas”. Maria de Lourdes Aguiar, diretora de Gente e Gestão da Telemont, complementa: “Pessoas não são apenas um recurso; são o diferencial competitivo. Conselhos precisam incorporar esse olhar qualificado.”
Já Alexandre Faria, diretor executivo da AeC, destaca a necessidade de uma atuação mais integrada: “Liderar pessoas hoje exige domínio de finanças, tecnologia e relações humanas. O diferencial está na capacidade de equilibrar esses elementos com visão estratégica.”
Perspectivas de futuro
A Chief Human Resources Officer (CHRO) da Hypofarma, Renata Horta, chama a atenção para a necessidade de preparo: “É fundamental que os profissionais de RH ampliem seu repertório e conheçam profundamente o negócio para ocuparem esses espaços com autoridade.”
O executivo de Gestão de Pessoas da Patrimar, Silvano Aragão, ressalta a importância de incluir temas como geopolítica e sustentabilidade nas pautas dos conselhos. Já Rúbia Spíndola, vice-presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-MG, reforça que a conexão entre gestão de pessoas e estratégia será decisiva para o futuro das organizações.
Rúbia Spíndola, Vice-Presidente do Conselho Deliberativo da ABRH-MG, faz um chamado à ação: “Nosso papel é orquestrar a conexão entre gestão de pessoas e estratégia do negócio. Em tempos de rupturas, precisamos de profissionais que ousem ampliar seu repertório e atuar com coragem, pois somente assim conquistaremos nosso lugar nas mesas de decisão.”
A visão da ABRH-MG
Segundo o presidente da ABRH-MG, David Braga, a iniciativa do comitê representa uma mudança de postura: “Este é o triênio da ação concreta. Nosso foco está em três pilares: conexões humanas, performance com resultado e disrupção que transforma. O RH precisa deixar de ser área de apoio e passar a ocupar um papel central nas decisões das empresas.”