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Ser poliglota é saber traduzir negócios em pessoas

Ser um líder poliglota vai muito além de dominar diferentes idiomas. No contexto organizacional, trata-se de alguém capaz de traduzir a linguagem do negócio em conexão humana. É quem compreende, simultaneamente, a lógica dos resultados e a complexidade das relações. O verdadeiro líder poliglota fala fluentemente dois grandes idiomas: o do negócio — que envolve cultura, estratégia, sustentabilidade, posicionamento e resultado — e o das pessoas — que exige autoconhecimento, empatia, escuta ativa e influência positiva.

Na prática, esse líder é a ponte entre o resultado esperado e as pessoas que o tornam possível. É quem traduz estratégias em ações e valores em comportamentos. Quando o gestor entende o “jeito” da organização — sua cultura e forma de alcançar resultados — e se conhece o suficiente para reconhecer o outro, ele fortalece essa ponte. Sem essa conexão, o discurso se rompe e os resultados perdem sentido.

A tradução dos valores organizacionais em atitudes concretas é um dos papéis mais potentes dessa liderança. Quando os valores da empresa conversam com os valores individuais, surge o engajamento genuíno — aquele que desperta o propósito e transforma esforço em entusiasmo. Trabalhar por algo em que se acredita é estimulante, e quando essa motivação está alinhada à estratégia do negócio, o resultado é exponencial.

Equilibrar empatia e foco em resultados não é um dilema, é um caminho. O líder empático entende o tempo, os recursos e o potencial de cada pessoa. Ao ouvir, compreender e valorizar o time, desenha o “como” atingir os objetivos. Essa sensibilidade não enfraquece o desempenho — ao contrário, o potencializa. Afinal, é a empatia que define o ritmo, o tom e o modo como o time atua.

Quando os líderes não falam a linguagem da cultura organizacional, os riscos são evidentes: times desconectados, falta de confiança, desmotivação e, inevitavelmente, resultados abaixo do esperado. A ausência dessa sintonia cria ambientes inseguros e empresas à deriva.

Desenvolver líderes poliglotas requer um olhar para dentro e para fora. É preciso se conhecer profundamente — entender o que motiva e o que afeta —, buscar compreender a natureza humana e exercitar a leitura de cenários. Circular por diferentes áreas, ouvir mais do que falar e participar de projetos diversos são práticas que ampliam a visão e fortalecem a ambidestria necessária a essa liderança.

Nesse processo, a escuta ativa e a inteligência emocional são pilares. Em um mundo em que todos querem falar, poucos realmente escutam. Saber ouvir é perceber o que está nas entrelinhas, compreender intenções e ajustar o próprio posicionamento. A sabedoria do líder se consolida na escuta — é nela que ele capta sinais, identifica oportunidades e estabelece conexões autênticas.

Líderes poliglotas também têm papel essencial na gestão de conflitos e no alinhamento de equipes. Em vez de evitar o confronto, reconhecem nele uma oportunidade de crescimento. Ao compreender o objetivo maior e traduzir a cultura da empresa em sentido humano, conseguem transformar divergências em diálogo produtivo.

Em um cenário de transformações constantes, esse tipo de liderança é uma vantagem competitiva. O líder que se mantém em movimento, atento às mudanças e capaz de adaptar sua linguagem, conecta pessoas, propósitos e resultados. É quem entende que parar não é opção.

Os resultados falam por si: empresas mais lucrativas, projetos que fortalecem a estratégia, times engajados e pessoas orgulhosas de pertencer. Ser um líder poliglota é, em essência, dominar a arte de traduzir negócios em pessoas — e pessoas em resultados.

Daniela Lucena

Daniela Lucena

Conselheira da ABRH-MG

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